terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Mais uma entrevista com um profissional que dedica-se com paixão pelo Basquetebol em Cadeiras de rodas - PROFESSOR SILENO SANTOS.






Nesta entrevista  vamos conhecer as ideias sobre alguns temas relevantes de mais um profissional que dedica sus competência para o Basquete em Cadeiras de Rodas. Sileno Santos, uma década dedicada ao desenvolvimento de BRC.

  
LF - Como você avalia o desenvolvimento atual do Basquetebol em Cadeiras de Rodas no Brasil, continua sendo o "esporte paraolímpico nº 1" ?

SILENO - Acredito que o BCR ainda é o esporte número 1 em número de praticantes, por ser uma modalidade altamente inclusiva o que possibilitada maior oportunidade de participação, mas está longe de ser a modalidade paralímpica número 1 em termos de resultados. Posso falar do que se passou nos últimos dez anos, porque esse é o tempo em que atuo no BCR. Não vejo desenvolvimento na modalidade em termos de resultados.  As principais equipes continuam sendo, hoje, as mesmas dos últimos dez anos atrás assim, como os atletas. Isso mostra que não há desenvolvimento técnico que é o que mais nos interessa. Existem mais equipes que foram criadas por todo o Brasil. Não podemos esquecer que existem campeonatos da 1ª, 2ª e 3ª divisões, além da divisão de acesso e brasileiro feminino. Se existem essas competições é porque houve aumento da quantidade de equipes e, assim o BCR pode pensar que ainda é o esporte Paralímpico número 1. 
Vemos profissionais diferentes na classificação funcional e arbitragem, independentemente do nível de conhecimento e um maior envolvimento de técnicos interessados na modalidade.
Em termos de equipamentos. Nossas cadeiras continuam muito ruins, além é claro do seu alto custo bem como de seus componentes. 
Vejo avanço em termos de informações. Hoje as competições podem ser acompanhadas via internet e até TV. Isso populariza a modalidade atraindo mais pessoas interessadas e podemos ver, por exemplo a participação da seleção em competições como parapanamericanos, Copa América, jogos paralímpicos, mundiais etc. Antigamente, apenas ouvíamos falar de como foram os jogos. Hoje podemos assistir e analisar os jogos dessas competições e assim estarmos sintonizados com a evolução da modalidade no mundo. É de graça basta procurar e se interessar.

LF - Quanto as transmissões dos jogos pela Internet,  voce acompanhava? Por que voce acha que as transmissões não estão acontecendo, voce acredita que seria importante fazer as transmissões dos jogos?

SILENO - Não acompanhava muito as transmissões, sabia do trabalho realizado. Acho importante ter as transmissões desde que com uma qualidade mínima.

LF - O que voce pensa sobre a organização do Calendário Oficial do Basquetebol em Cadeira de Rodas no Brasil?

SILENO - Falar em calendário é falar em organização. Estamos num ano que efetivamente não foi planejado. 2013 foi ano de troca de diretoria na confederação, onde na minha visão houve uma preocupação com o vencer a eleição, mas não houve um planejamento mais profundo. Um exemplo disso foi a participação da seleção brasileira masculina no torneio de qualificação para o mundial Sub-23, se não me engano no México. Mal houve tempo de preparar a equipe e fomos surpreendidos com informações desencontradas sobre como a nossa seleção poderia estar composta e jogadoras do sexo feminino que foram convocadas estiveram lá e não puderam participar, havendo jogadores em condições de jogo que deixaram de ser convocados. 
Entendo que trabalhar com recursos públicos não é fácil, principalmente quando para cumprir um calendário da modalidade no Brasil é necessário o apoio das equipes para sediar os eventos e isso não depende somente de quem realiza. Mas um calendário oficial para quem não tem recursos próprios é complicado. Sempre será difícil para quem organiza não ter autonomia de recursos e independência dos clubes para realizar os campeonatos.

LF - Você acredita que adiamentos das competições como este ocorrida agora dos campeonatos Brasileiros , atrapalham quanto ao relacionamento com os Patrocinadores?

SILENO - Não sei quantas equipes tem patrocínio direto para que essa situação venha a ser problemática. Acredito que os clubes não terão prejuízos financeiros. Assim não vejo isso atreleado a patrocinadores. Acho que explicando não há problemas. O maior problema em adiar essas competições está relacionado a motivação da equipe, uma vez que não havendo competição não há porque treinar, ou imagina você treinar sua equipe deixando-a preparada para uma data e de repente é outra. O atleta não é máquina para você ligar e desligar a todo instante. Existe desgaste físico e mental que certamente irá interferir na apresentação das equipes.

LF - Como voce avalia os resultados da Seleção Masculina que não a Londres em 2012, não foi no último Mundial e também não estará no PRÓXIMO?

SILENO - Avalio como um reflexo do não desenvolvimento da modalidade nos últimos dez anos. Sem desenvolvimento não há como participar de competição, a não ser como convidados.

LF - E a Seleção feminina, a que se deve os resultados melhores que o masculino nos últimos anos?

SILENO - Acho que comparar não é o principal. Cada um poderá defender o que mais lhe convier. Acho que devemos ficar contentes com o resultado do feminino, assim como ficaríamos contentes caso o masculino se estive em melhores condições em nível internacional. São situações diferentes. O Brasil quando superou o México, no feminino, em termos de resultado demonstrou desenvolvimento. Conquistou na quadra, o direito de ir as paralimpíadas de Londres e lá pôde observar que ainda há muito o que melhorar. Ficar comparando resultados das seleções masculina com a feminina não irá trazer o desenvolvimento de nenhuma delas. 

LF - Na sua visão como está o investimento nas categorias de base do Basquete em cadeira de rodas?

SILENO - Não há investimento. Os clubes bancam esse desenvolvimento integral. Ter os atletas convocados para participar da seleção não significa que esteja existindo um trabalho além do que alguns clubes fazem.

LF -Como voce vê o investimento nas formação de novos profissionais, técnicos, árbitros e classificadores em nosso país?

SILENO - Hoje não evolui e não se especializa quem não quer. A informação não vem, temos que ir buscá-la. E há muitos cursos no Brasil e exterior, existem livros, artigos etc.
Por traz da formação e desenvolvimento existe uma palavra chave: a oportunidade.
Novos classificadores, árbitros e técnicos precisam de oportunidades para crescer, assim como novos atletas. Poucos são os que procuram especialização ou melhorias técnicas onde não enxerguem a oportunidade de atuação como fator motivacional. Há quem não se importa para isso e continuam procurando melhorias, mas na maioria da vezes o que passa na cabeça do atleta é que se ele não enxergar oportunidades sua motivação estará em baixa, o mesmo podendo ocorrer para os profissinais.

Lincoln, obrigado pelo convite para responder as perguntas e gostaria de deixar a abertura para quem quiser conversar sobre basquetebol em cadeira de rodas meu email silenosantos@bol.com.br

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