Nesta entrevista vamos conhecer as ideias sobre alguns temas relevantes de mais um profissional que dedica sus competência para o Basquete em
Cadeiras de Rodas. Sileno Santos, uma década dedicada ao
desenvolvimento de BRC.
LF - Como você avalia o desenvolvimento
atual do Basquetebol em Cadeiras de Rodas no Brasil, continua sendo o
"esporte paraolímpico nº 1" ?
SILENO - Acredito que o BCR ainda é o
esporte número 1 em número de praticantes, por ser uma modalidade altamente
inclusiva o que possibilitada maior oportunidade de participação, mas está
longe de ser a modalidade paralímpica número 1 em termos de resultados.
Posso falar do que se passou nos últimos dez anos, porque esse é o tempo
em que atuo no BCR. Não vejo desenvolvimento na modalidade em termos de
resultados. As principais equipes continuam sendo, hoje, as mesmas dos
últimos dez anos atrás assim, como os atletas. Isso mostra que não há
desenvolvimento técnico que é o que mais nos interessa. Existem mais equipes
que foram criadas por todo o Brasil. Não podemos esquecer que existem
campeonatos da 1ª, 2ª e 3ª divisões, além da divisão de acesso e brasileiro
feminino. Se existem essas competições é porque houve aumento da quantidade de
equipes e, assim o BCR pode pensar que ainda é o esporte Paralímpico número
1.
Vemos profissionais diferentes na
classificação funcional e arbitragem, independentemente do nível de
conhecimento e um maior envolvimento de técnicos interessados na modalidade.
Em termos de equipamentos. Nossas cadeiras
continuam muito ruins, além é claro do seu alto custo bem como de seus
componentes.
Vejo avanço em termos de informações. Hoje
as competições podem ser acompanhadas via internet e até TV. Isso populariza a
modalidade atraindo mais pessoas interessadas e podemos ver, por exemplo a
participação da seleção em competições como parapanamericanos,
Copa América, jogos paralímpicos, mundiais etc. Antigamente,
apenas ouvíamos falar de como foram os jogos. Hoje podemos
assistir e analisar os jogos dessas competições e assim estarmos sintonizados
com a evolução da modalidade no mundo. É de graça basta procurar e se
interessar.
LF - Quanto as transmissões dos jogos
pela Internet, voce acompanhava? Por que voce acha que as transmissões
não estão acontecendo, voce acredita que seria importante fazer as transmissões
dos jogos?
SILENO - Não
acompanhava muito as transmissões, sabia do trabalho realizado. Acho importante
ter as transmissões desde que com uma qualidade mínima.
LF - O que voce pensa sobre a organização do Calendário Oficial do
Basquetebol em Cadeira de Rodas no Brasil?
SILENO - Falar
em calendário é falar em organização. Estamos num ano que efetivamente não foi
planejado. 2013 foi ano de troca de diretoria na confederação, onde na minha
visão houve uma preocupação com o vencer a eleição, mas não houve um
planejamento mais profundo. Um exemplo disso foi a participação da seleção brasileira
masculina no torneio de qualificação para o mundial Sub-23, se não me engano no
México. Mal houve tempo de preparar a equipe e fomos surpreendidos com
informações desencontradas sobre como a nossa seleção poderia estar composta e
jogadoras do sexo feminino que foram convocadas estiveram lá e não puderam
participar, havendo jogadores em condições de jogo que deixaram de ser
convocados.
Entendo que trabalhar
com recursos públicos não é fácil, principalmente quando para cumprir um
calendário da modalidade no Brasil é necessário o apoio das equipes para sediar
os eventos e isso não depende somente de quem realiza. Mas um calendário
oficial para quem não tem recursos próprios é complicado. Sempre será difícil
para quem organiza não ter autonomia de recursos e independência dos
clubes para realizar os campeonatos.
LF - Você acredita que adiamentos das
competições como este ocorrida agora dos campeonatos Brasileiros ,
atrapalham quanto ao relacionamento com os Patrocinadores?
SILENO - Não sei
quantas equipes tem patrocínio direto para que essa situação venha a ser
problemática. Acredito que os clubes não terão prejuízos financeiros. Assim não
vejo isso atreleado a patrocinadores. Acho que explicando não há problemas. O
maior problema em adiar essas competições está relacionado a motivação da
equipe, uma vez que não havendo competição não há porque treinar, ou imagina
você treinar sua equipe deixando-a preparada para uma data e de repente é
outra. O atleta não é máquina para você ligar e desligar a todo instante.
Existe desgaste físico e mental que certamente irá interferir na apresentação
das equipes.
LF - Como voce avalia os resultados
da Seleção Masculina que não a Londres em 2012, não foi no último Mundial e
também não estará no PRÓXIMO?
SILENO - Avalio
como um reflexo do não desenvolvimento da modalidade nos últimos dez anos. Sem
desenvolvimento não há como participar de competição, a não ser como
convidados.
LF - E a Seleção feminina, a que se
deve os resultados melhores que o masculino nos últimos anos?
SILENO - Acho
que comparar não é o principal. Cada um poderá defender o que mais lhe convier.
Acho que devemos ficar contentes com o resultado do feminino, assim como
ficaríamos contentes caso o masculino se estive em melhores condições em nível
internacional. São situações diferentes. O Brasil quando superou o México, no
feminino, em termos de resultado demonstrou desenvolvimento. Conquistou na
quadra, o direito de ir as paralimpíadas de Londres e lá pôde
observar que ainda há muito o que melhorar. Ficar comparando resultados das
seleções masculina com a feminina não irá trazer o desenvolvimento de nenhuma
delas.
LF - Na sua visão como está o
investimento nas categorias de base do Basquete em cadeira de rodas?
SILENO - Não há
investimento. Os clubes bancam esse desenvolvimento integral. Ter os atletas
convocados para participar da seleção não significa que esteja existindo um
trabalho além do que alguns clubes fazem.
LF -Como voce vê o investimento nas
formação de novos profissionais, técnicos, árbitros e classificadores em nosso
país?
SILENO - Hoje
não evolui e não se especializa quem não quer. A informação não vem, temos que
ir buscá-la. E há muitos cursos no Brasil e exterior, existem livros, artigos
etc.
Por traz da formação
e desenvolvimento existe uma palavra chave: a oportunidade.
Novos
classificadores, árbitros e técnicos precisam de oportunidades para crescer,
assim como novos atletas. Poucos são os que procuram especialização ou
melhorias técnicas onde não enxerguem a oportunidade de atuação como fator
motivacional. Há quem não se importa para isso e continuam procurando
melhorias, mas na maioria da vezes o que passa na cabeça do atleta é que se ele
não enxergar oportunidades sua motivação estará em baixa, o mesmo podendo
ocorrer para os profissinais.
Lincoln, obrigado
pelo convite para responder as perguntas e gostaria de deixar a abertura para
quem quiser conversar sobre basquetebol em cadeira de rodas meu email
silenosantos@bol.com.br
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