terça-feira, 10 de dezembro de 2013

MAIS UMA ENTREVISTA COM OUTRO GRANDE BATALHADOR PELO ESPORTE PARAOLÍMPICO NO BRASIL - ALEXANDRO VELHO




































Caros,

Dando continuidade as entrevistas sobre o desenvolvimento do basquete em cadeira de rodas no Brasil, vamos agora conhecer as idéias do Alexandro Velho, Presidente do CEPE - Centro esportivo para Pessoas Especiais de Joinville - Santa Catarina. Jogador de basquete em cadeiras de rodas, um grande batalhador, não só pelo esporte paraolimpico, como também pela inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

LF -  Alexandro Como você avalia o desenvolvimento atual do Basquetebol em Cadeiras de Rodas no Brasil, continua sendo o "esporte paraolímpico nº 1”?

Alexandro Velho - Obrigado Lincoln pela oportunidade em participar dos diálogos que estão acontecendo a respeito do BCR no Brasil.
Respondendo a pergunta. Vejo com muito carinho e tristeza ao mesmo tempo. Carinho, pois em todos os Estados que estive, nos times contra os quais joguei, os dirigentes, os técnicos, os atletas com quem converso, todos são unanimes em demonstrar que fazem um esforço homérico para desenvolver o esporte no Brasil. Quanto a isto não é segredo de ninguém, independente de ser esporte paralímpico ou convencional, subtraio aqui o futebol onde há recursos de ordem faraônica e é o esporte que o brasileiro escolheu como sendo seus, nós do basquete em cadeira de rodas, matamos um leão por dia para fazer acontecer. São investimentos com equipamentos, viagens, materiais, pessoal, que para angariá-los, é muito difícil. Mas mesmo assim. Não vejo nenhuma destas pessoas, que estão na luta por direitos das pessoas com deficiência, e especialmente as do movimento BCR, querem continuar apesar da dificuldade e pelo amor a este esporte, que aqueles que conhecem sabem, é maravilhoso. Neste sentido há um carinho imenso por todos que se doam ao auxiliar no desenvolvimento do BCR.
Em contrapartida vem a tristeza, e por que tristeza? Não há investimentos suficientes no setor. Vejo muitas equipes que começam com boa vontade, mas, no meio do caminho, só à vontade sem investimentos fazem com que estes clubes quebrem. E são várias pessoas que poderiam buscar uma melhor qualidade de vida, um modo de viver melhor e restaurar toda a autoestima. Isto me entristece. E outra atitude que me deixa um pouco entristecido, são a falta de calendário em nossa modalidade. Começamos os anos, imaginando, que vamos jogar regionais, divisões nacionais, mas, não sabemos quando. Receber o aviso com 30 dias, muitas vezes encarece em 90% o custo logístico, o que inviabiliza muitas vezes a ida de algumas equipes as competições. Penso que para estruturar melhor, nosso calendário deveria ser apresentado no segundo semestre do ano corrente para acontecer no ano subsequente, isto possibilitaria um planejamento das equipes contribuindo sim, para que todas possam buscar passagens até com um vasto desconto, visto a antecedência do evento.
Mas não quero ser pragmático. Acredito neste esporte, assim como acredito que há muito por acontecer até 2016. Quero ver nossa equipe principal, masculina e feminina mandando bem nesta competição! #euacredito
LF- Você entende como importante a transmissão dos jogos pela Internet, por que você acha que as transmissões não estão acontecendo, você acredita que é viável fazer este tipo de transmissões?
Alexandro Velho - Informações, transmissões, há como são importantes em uma era de comunicação. Hoje, não conseguimos ficar 2 minutos em uma fila para aguardar algo, imagina, quando você tem intenção em ver algo que lhe interessa! Nós, aqui coloco a fala de muitos outros que conheço, amamos o BCR, na época das transmissões, acredito que em 2009/2010, foi um ápice. Todos que não havia chegado a divisão de acesso, ter oportunizado as imagens em tempo real de cada partida, faziam todos terem maior interesse pelo esporte, em poder participar destes eventos, de estar em uma divisão do nacional. Lembro que assistia, interagia e obtinha informações em tempo real. Sabíamos dos resultados. Isto nos aguçava. Na final do Brasileiro da 2ª divisão em Niterói, quando soubemos que haviam plugadas mais de 10mil pessoas foi o ápice, e era gostoso ver familiares e amigos com possibilidade de assistir as partidas. Não saberia dizer os “porquês” que fazem estas transmissões não acontecerem. Mas vejo como faltam em cada campeonato algo para que os atletas possam ter informações. Mesmo que não haja transmissão, poderíamos ter um sistema em tempo real informando o placar. Assim como na NBB, quando não conseguíamos assistir aos jogos acompanhávamos pelo placar eletrônico. Saber se ganha ou se perde, também faz parte do jogo! Hoje com banda larga em quase todos os locais e com um notebook e webcam, você consegue disponibilizar. Existem ferramentas, não vou agora me importar com a qualidade da imagem e outras coisas. Mas sim, com baixo custo você consegue informar, interagir e o melhor, apropriar tantos que amam esse esporte a ter a informação, para que não fique restrita àqueles que estão participando do evento somente.
LF - O que você pensa sobre a organização do Calendário Oficial do Basquetebol em Cadeira de Rodas no Brasil?
Alexandro Velho - Citei em outra resposta. Calendário, como o próprio nome já diz, como o contador diz “Ano fiscal”, como no esporte é descrito “Temporada”, enfim são várias formas de se comunicar um calendário. Quando você administra um negócio, seja próprio, seja de terceiros, ou seja, apenas funcionário de alguma instituição, quando chega dezembro do ano corrente, você já planejou, 1º, 2º 3º e está finalizando o 4º trimestre do ano seguinte. Isto é planejar com antecedência, para então diminuir surpresas no próximo “Ano Fiscal” ou “Temporada”.
Como no nosso caso, os investimentos escassos, cada equipe precisa se apropriar com muita antecedência para levar suas equipes para competições, isto tem investimento logístico, e sabemos que em um país, com dimensões continentais como o nosso, quando você tem uma competição em um estado vizinho, ou até mesmo em seu estado, o custo é menor, porém quando você é do Norte e sua competição acontece no Sul, todos nós sabemos o quanto sua linha de investimento para esta competição precisa ser incrementada.
Olhando por este prisma, ainda acredito que calendário, deve ser apropriado no máximo no ultimo semestre do ano corrente, quando as competições estão em andamento, desta forma as equipes finalizam o ano tendo por base onde será a competição do próximo ano. Facilita a todos. Inclusive na questão de projetos para captação de recursos. É apenas uma tese, mas vejo que em todos os sistemas ao qual estamos inseridos, quando você planeja, os riscos de “apagar incêndios” são muito menores.
LF - Como você vê os resultados da Seleção Masculina que não a Londres em 2012, não foi no último Mundial e também não estará no PRÓXIMO?
Vejo com bons olhos o investimento em algumas modalidades visando 2016. Acredito que nosso Basquete, tem tudo para retomar o caminho da estrada rumo a ir ao próximo mundial e fazer bonito em 2016. Existem ótimos jogadores nesse Brasilzão!  Precisamos é centrar esforços e colocar grupos (equipe atuais e novas) por maiores momentos treinando juntos. Para ai sim, desenvolver um trabalho consistente! Cada qual em seus times faz e dá o seu melhor. Quando jogam em conjunto, eu não acredito que com poucos dias de treinamento, possam gerar harmonia e identidade de um time (equipe) focado. Juntar 30 atletas, mensalmente por 1 ou 2 semanas, ou a cada bimestre, enfim, criar identidade de Seleção. Não tenho dúvidas que podemos aperfeiçoar e maximizar uma Seleção para 2016. Temos ótimos atletas, e tenho certeza de que vários deles tem interesse em dar seu melhor pela amarelinha!
 LF - E a Seleção feminina, a que se devem os resultados melhores que o masculino nos últimos anos?
Alexandro Velho - A seleção brasileira feminina acontece justamente o inverso que sugeri na seleção masculina. Toda e qualquer pessoa sabe que a base da seleção feminina tem entrosamento, tem harmonia e há muito tempo jogam juntas, treinam juntas. Não quero dizer que devemos ter uma seleção masculina com base em um time x no Brasil. Mas os melhores resultados da feminina é a quantidade de treino que elas têm, e isto faz diferença sim.
LF - Na sua visão como está o investimento nas categorias de base do Basquete em cadeira de rodas?
Alexandro Velho - A gurizada vem e isso vai acontecer de uma forma ou de outra. Quando o clube que participa, tem a chancela do CPB para desenvolver um projeto infantil, há recursos, agora quando esse jovem participa somente com a equipe, e o clube é somente a equipe, quando não há recursos, ela vai se desenvolver conforme manda a regra. Com aquilo que o clube tem a oferecer. Não há investimento na base, ainda falta um trabalho específico para os clubes com jovens abaixo de 23 anos, e acredito que deveria existir uma política para desenvolvimento e investimento nessa galera. É só assim que vamos ter resultados no médio, longo prazo.
LF - Como você vê o investimento na formação de novos profissionais, técnicos, árbitros e classificadores em nosso país?
Alexandro Velho - Serve a mesma linha de raciocínio da resposta anterior. É preciso de maior intercambio, entre estados, entre equipes  e entre todos os envolvidos. Desenvolver e motivar as pessoas a participar do movimento. Não é tão simples como parece.
LF - Você tomou conhecimento do lançamento do "BOM SENSO - ATLETAS DO BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS”. Você entende que estas mobilizações podem contribuir para a melhoria do BCR?

Alexandro Velho - Assim como em todo e qualquer movimento, é necessária a discussão. É se faz necessária a mobilização por parte dos interessados para que possamos melhorar cada vez mais esse esporte que amamos e que admiramos por fazer parte e que tanto queremos bem. Ser o esporte paralímpico nº 1 do Brasil, é responsabilidade, é credibilidade, é orgulho a todos que fazem parte. O movimento BOM SENSO, vem em um bom momento. Tanto para apropriar-se de informações e obter cada vez mais informações pertinentes ao respeito das atividades da Confederação. Vale ressaltar, em meu ponto de vista, não vamos entrar no mérito da gestão. Estou falando como atleta, que assim, como vários outros amigos meus, querem maior respeito. Para poderem se apropriarem e poder ver acontecer os eventos propostos, os atletas querem, e amam jogar seus brasileiros. Todos tem o maior interesse para que possamos melhorar! Ser os melhores e poder encher o peito e dizer: “SIM SOMOS O ESPORTE Nº 1 DO BRASIL E OS MELHORES E MAIS BEM ESTRUTURADOS TAMBÉM!”.

Obrigado Alexandro Velho - por suas reflexões e contribuições!!

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