Na entrevista de hoje vamos conhecer as ideias de mais um batalhador
pelo desenvolvimento do Basquetebol em Cadeira de Rodas no Brasil. Fábio Sousa,
vejam nas respostas abaixo a avaliação que Fabio faz do momento atual do BCR no Brasil.
LF - Como você avalia o desenvolvimento atual do Basquetebol em Cadeiras
de Rodas no Brasil, continua sendo o "Esporte Paraolímpico nº 1” ?
FÁBIO SOUZA – Não, definitivamente, não é mais o esporte nº 1, acho que
regredimos com nossa seleção e em minha opinião, o BCR não está sendo bem
gerido, temos diversos problema com competições, com resultados da seleção, não
vejo muita transparência na gestão atual da CBBC e creio que uma mudança na
condução da CBBC seria muito bem vinda.
LF - Quanto as transmissões dos jogos pela Internet, voce
acompanhava? Por que voce acha que as transmissões não estão acontecendo, voce
acredita que seria importante fazer as transmissões dos jogos?
FÁBIO SOUZA – Eu acompanhava todas as transmissões e divulgava para meus
amigos, era incrível assistir aos jogos dos Campeonatos pelo Brasil, não
sei o motivo pelo qual as transmissões pararam, mas, seria muito positivo e
agregador, voltar a transmitir, sem publicidade não há crescimento e essa era
uma forma de fazer o esporte crescer.
LF - O que voce pensa sobre a organização do Calendário Oficial do
Basquetebol em Cadeira de Rodas no Brasil?
FÁBIO SOUZA – Acho que precisamos evoluir muito com a organização, as
competições sofrem atraso, locais de competição inadequados e sem público,
falhas na organização durante as competições, eu sei que problemas acontecem,
mas, temos tido problemas repetidos, parece que não estamos aprendendo com os
próprios erros.
LF - Você acredita que adiamentos das competições como este ocorrida
agora dos campeonatos Brasileiros , atrapalham quanto
ao relacionamento com os Patrocinadores?
FÁBIO SOUZA – Isso é simplesmente inadmissível, adiar uma competição
como essa, provocando transtorno na vida pessoal dos atletas, no transporte dos
clubes e em todo o planejamento feito é muito ruim para o BCR e para a CBBC,
são coisas assim, que não podem acontecer, que passam a ideia de desorganização
total.
LF - Como voce avalia os resultados da Seleção Masculina que não a
Londres em 2012, não foi no último Mundial e também não estará no próximo?
FÁBIO SOUZA – Acho que a seleção deveria ter uma mudança em sua direção,
não nada pessoal contra nenhum técnico, nem tenho motivos para isso, mas já
estamos com a mesma técnica a muito tempo e não sei se houve alguma mudança
recentemente, mas isso deveria acontecer, pessoas com idéias novas, um gás novo,
seria necessário para começar uma mudança. A ausência da seleção em competições
importantes, perdendo a vaga para seleções que já tínhamos ultrapassado, foi a
mostra do quanto ficamos para trás no cenário internacional.
LF - E a Seleção feminina, a que se devem os resultados melhores que o
masculino nos últimos anos?
FÁBIO SOUZA – Acho que o fortalecimento de algumas equipes pelo Brasil,
especialmente no Norte do País, aliada ao talento das meninas e ao esforço da
Comissão Técnica, proporcionaram resultados inéditos, mas, não podemos esquecer
que ainda temos poucas equipes femininas e se quisermos que os resultados
continuem aparecendo, será necessário a criação de mais equipes femininas, 2016
está logo aí, precisamos correr para fazer um bom papel.
LF - Na sua visão como está o investimento nas categorias de base do
Basquete em cadeira de rodas?
FÁBIO SOUZA – Não tenho visto investimentos nas categorias de base, acho
que poucas equipes no Brasil tem essa possibilidade e a CBBC não está
fomentando a base, para colher frutos no futuro, precisamos investir agora,
fico até triste em ver que muita coisa continua a mesma de anos atrás.
LF - Como voce vê o investimento nas formação de novos profissionais,
técnicos, árbitros e classificadores em nosso país?
FÁBIO SOUZA – Também não tenho visto investimento nos profissionais,
embora alguns clubes tenham tentado renovação, o mérito tem sido deles, dos
clubes é quando algo diferente acontece.
LF - Como está o trabalho em São Paulo, da Federação, competições,
cursos..e as novas equipes?
FÁBIO SOUZA – Em São Paulo o trabalho é muito bem elaborado e conduzido,
é claro que temos problemas, mas, a Direção de Federação Paulista é muito
comprometida e tem ajudado e muito no desenvolvimento e crescimento do BCR no
estado, uma dificuldade é o surgimento de novas equipes, isso ainda é muito
tímido, creio que os valores envolvidos com a compra das cadeiras esportivas, a
necessidade da estrutura para treinamento e de profissionais habilitados
dificultam o aparecimento de novas equipes. Alguns cursos tem sido ministrados
para os profissionais da área, mas sabemos que temos muito a progredir e creio
que precisamos de um esforço conjunto entre Federação, Clubes e atletas.
Espero sinceramente que continuemos progredindo com o BCR no Brasil,
temos um potencial incrível, precisamos aproveitar isso e aproveitar o momento,
o fato de sediarmos as Paralimpíadas no Brasil em 2016, pode nos ajudar muito
com o desenvolvimento desejado.
Um trabalho sério, sem bairrismo, profissional, multidisciplinar é o
caminho, em minha opinião.
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