sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Eles superam qualquer limitação !!


CORREIO BRAZILIENSE (DF) • ESPORTES • 13/11/2009




Para-atletas cegos ou amputados de todo o país dão exemplo de força e superação na piscina, na competição realizada em Brasília

ANANDA ROPE .



Gledson da Paixão Barros tinha 6 anos de idade quando teve diagnosticado um câncer na garganta que atingiu seu nervo ótico. O menino fez seis meses de quimioterapia, se livrou da doença, mas perdeu a visão. Ele, que nunca tinha nem mergulhado, aprendeu a nadar no ano seguinte, e hoje consegue se destacar entre os para-atletas durante as competições. Ontem, conquistou a prata nos 50m livre dos Jogos paraolímpicos Escolares, que ocorrem em Brasília. “Minha saída não foi boa e soube que o menino que ficou em primeiro lugar saltou do trampolim. Ele começou a prova em vantagem”, lamenta o nadador. Morador de uma comunidade carente d e Salvador, Gledson, da classe S11(cegueira total), treina apenas uma hora e meia duas vezes por semana, numa piscina de 10m — a semiolímpica, ou piscina curta, que possui o tamanho mínimo para competições, tem 25m. Mesmo assim, o baiano tem se destacado nas disputas regionais e agora nas nacionais. “A minha maior dificuldade é controlar a ansiedade de saber se outros nadadores estão à minha frente ou não nas provas. Quando sinto a bolinha (veja a arte), penso: cumpri minha obrigação”, revela. Segundo o técnico da equipe de Natação adaptada da Bahia, Gerson Coelho Coutinho, o trabalho de base do esporte é feito da mesma forma que o ministrado a atletas sem deficiência. “Os iniciantes começam com os exercícios de flutuação e pernada. Depois de algum tempo, é que passamos para as braçadas. A partir daí, manipulamos os movimentos para aperfeiçoá-los”, conta. Acidentes Na mesma piscina, passaram o catarinense Gustavo Gartz Santana, 17 anos, e o carioca Lucas Juvêncio Alves, 15 anos, ambos vítimas de acidentes de trânsito. Gustavo foi atropelado por um caminhão enquanto andava de bicicleta quando ainda tinha 8 anos. “Aprendi a nadar no ano seguinte e, aos 13 anos, comecei a competir. Nas primeiras vezes, eu ficava tão nervoso que ia ao banheiro de 20 em 20 minutos”, revela. “Desde então, não parei de participar das provas de Natação e disputo até os Torneios convencionais (com atletas sem deficiência). Hoje, fico mais tranquilo e seguro na piscina.” Tamanha dedicação e treino — duas horas e meia, seis dias na semana — o tornaram campeão nos 200m medley na classe S9. A história de Lucas não é muito diferente. Há três anos, o garoto estava sentado na calçada em frente da casa do tio com uma criança de 1 ano e meio no colo quando foi surpreendido por um carro desgovernado. Para salvar a vida do menino, Lucas o jogou para o lado. Mas não conseguiu escapar da tragédia. Sua perna esquerda acabou amputada. A direita teve o fêmur quebrado e o joelho bastante danificado, mas ele conseguiu se recuperar. “O médico disse que eu não ia mais andar. Eu nunca tinha nadado e, por orientação da fisioterapeuta, aprendi. Logo, comecei a treinar, pensando em competir. Hoje, ando normalmente com a ajuda da prótese e me dedico aos treinos, com o foco nas paraolimpíadas de 2016”, diz Lucas, que treina duas horas e meia, cinco vezes por semana, e conquistou a prata nos 50m livre da classe S10. Categorias As competições de Natação paraolímpica são denominadas pela letra “s”, de swimming (Natação, em inglês), e são divididas em 13 classes: » S1 a S10 — deficiência física, sendo S1 para mais as severas (sem mais de um membro) e S10 para menor deficiência (sem um dos membros ou com um dos membros deficiente) » S11 a S13 — para deficiente visual, sendo S11 sem visão total, S12 para quem tem 5% de visão e S13 para quem tem de 10% a 15% de visão. Saiba mais As primeiras competições de Natação em Jogos paraolímpicos ocorreram em 1960, em Roma, mas apenas para atletas com deficiência física. Só nos Jogos de Arnhem (Holanda), 20 anos depois, é que as provas para nadadores com cegueira e deficiência visual passaram a fazer parte do programa paraolímpico. O Brasil esteve presente em três paraolimpíadas, na Natação de cegos: em Atlanta (1996), com Fabiana Harumi Sugimori e Cláudio Panoeiro; em Sydney (2000), com Fabiana Harumi Sugimori; e Atenas (2004), com Fabiana Harumi Sugimori, André Meneghetti e Rodrigo Ribeiro. Especialista nos 50m livre, Fabiana conquistou o ouro em Sydney e em Atenas, com direito a recorde paraolímpico e mundial.

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