CORREIO BRAZILIENSE (DF) • ESPORTES • 26/12/2009Esforço pode valer uma medalhaIranildo Espíndola, 13º melhor atleta do mundo na modalidade paraolímpica, quer melhorar sua classificação em 2010 e garantir uma vaga no Mundial, em outubro, na Coreia do Sul
Ananda RopeTodos os dias, de segunda a sexta-feira, Iranildo Espíndola encara 80km para ir e voltar de sua casa, no Novo Gama, até o Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe), no Setor Policial Sul. A rotina poderia ser desgastante, mas o goiano — radicado no Distrito Federal — a encara com determinação. Com meta de ganhar sua primeira medalha paraolímpica em 2012, em Londres, o jogador de Tênis de mesa se prepara para aumentar a carga de treinos em 2010. “Ganhar uma medalha paraolímpica é um sonho que não é impossível, mas sei que é difícil. Meu objetivo no ano que vem é participar do Mundial na Coreia do Sul, em outubro. Até lá, quero disputar todas as competições internacionais que puder para conquistar mais pontos”, conta, o 13º melhor atleta do mundo na modalidade. Além dos treinos de duas horas e meia, Iranildo sempre estende a atividade em mais uma hora e meia para desafiar alguns colegas em partidas muito disputadas. Os planos para 2010 são de dobrar o número de horas dedicadas ao esporte. “Quero treinar seis horas por dia, sendo três horas voltadas à parte técnica pela manhã e três horas de prática à tarde. Fora isso, quero participar de Torneios internacionais para conhecer meus possíveis adversários no Mundial e criar um treino específico para cada um deles”, revela o jogador da classe 2(1). Iranildo tinha o sonho de um dia fazer parte da Seleção Brasileira de futebol, mas um acidente (leia matéria ao lado) em 1995 mudou a sua história. Paraplégico, Iranildo conseguiu recuperar parte dos movimentos dos braços e das mãos e encontrou na raquete a chance de resgatar seu desejo de representar o Brasil no esporte. “Não pude realizar meu sonho nos campos, mas hoje integro a Seleção Brasileira de Tênis de mesa”, afirma, orgulhoso. Inspiração O novo ritmo de treinamento está programado para ter início na primeira quinzena de janeiro. “A rotina não é fácil e os desafios são diários. Hoje, olho para minha vida como atleta e busco motivação para continuar competindo. Me recordo de tudo o que já conquistei e vejo os atletas que se inspiraram em mim para começar”, desabafa Iranildo. Apenas 12 para-atletas representarão o Brasil no Mundial da Coreia do Sul. Seis já estão classificados e as outras vagas estão reservadas para os jogadores que conseguirem melhor pontuação no ranking internacional. Iranildo, que já participou de quatro Torneios mundiais ( (2001 – por equipes, na Holanda; 2002, em Taiwan; 2003 no Mundial pela Paz, no Rio de Janeiro; 2006, na Suíça), conhece bem o que irá encarar, caso carimbe seu passaporte. Segundo o jogador, o nível técnico no Mundial é maior que nas paraolimpíadas: “Apesar de não ter o mesmo glamour, é bem mais difícil de vencer”, resume o atleta. 1- Limitações distintas Os atletas são divididos em 11 classes distintas. Mais uma vez, segue a lógica de que quanto maior o número da classe, menor é o comprometimento físico-motor do praticante. A classificação é realizada a partir da mensuração do alcance de movimentos de cada atleta, sua força muscular, restrições locomotoras, equilíbrio na cadeira de rodas e a habilidade de segurar a raquete. Na classe 2, há redução na atividade do braço com que se pega a raquete, afetando a ação de agarrar e a função da mão (músculo do pulso). QUEM É ELE Nome: Iranildo Conceição Espíndola Nascimento: 24/1/1970, em Goiânia Peso: 78kg Categoria: classe 2 Títulos: enacampeão Brasileiro individual (2000 a 2009); pentacampeão Sul-Americano individual (2001, 2002, 2004 e 2006); tricampeão Pan-Americano (2003, 2005 e 2007) no individual e tricampeão em dupla, sem contar bronzes e pratas O númeroR$ 12 milCustos (hospedagem, alimentação, etc.) para a participação de um para-atleta em um Mundial DepoimentoUm mergulho no mar mudou a minha vidaSofri um acidente em 20 de março de 1995, na Praia de Vila Velha (ES). Eu era jogador de futebol profissional e tinha viajado para participar de uma seletiva do Linhares. Fui com uns amigos à praia para jogar futevôlei e no meio da partida caí e me sujei com a areia. Fui dar um mergulho no mar para me refrescar e limpar meu corpo. Fui furar uma onda e quando mergulhei bati a cabeça com tudo em um banco de areia. Para mim, eu gritava e balançava os braços, mas na verdade estava imobilizado. Por sorte, um amigo viu que eu tinha ido mergulhar e não voltei. Ele entrou na água e me encontrou sem conseguir me mexer e falar. Fui socorrido e no mesmo dia voltei para Brasília. Lesionei a vértebra C5 e C6, o que me deixou tetraplégico. O médico disse que por pouco eu não lesionei a C3, o que provavelmente teria me matado. Fiquei três meses e 18 dias internado no Hospital de Base e depois fui transferido para o Sarah Kubitschek, onde permaneci por quatro meses internado. Lá, fiz um tratamento de três meses, depois do qual eu podia voltar para casa. Levei dois anos para recuperar os movimentos dos braços, mas perdi a força nas mãos e alguns movimentos. Os médicos nunca falam que um dia você voltará a andar ou que isso é impossível. Quando eu percebi que não tinha como me recuperar em 100%, comecei a aceitar essa situação. Tentei voltar a trabalhar, estudei, fiz concurso, mas as portas sempre estiveram fechadas. Conheci o Tênis de mesa no Sarah Kubitschek. No começo, foi barra. Não encontrava um técnico com experiência e que tivesse suporte para me ajudar. Mesmo assim, resolvi competir pela primeira vez em 1999, no Regional Centro-Oeste, em Goiânia. Tive a surpresa de ganhar com facilidade. Pensei: acho que levo jeito para isso. Mas ainda não tinha certeza. A ficha caiu mesmo quando participei do meu primeiro Brasileiro e venci. Ganhei de atletas que tinham experiência de 10 anos. Aqui no Brasil eu não sei o que é perder. Sempre venci todas as competições que participei. Saiba maisRaquete Após participar das paraolimpíadas de Atenas (2004), Iranildo passou a jogar com a raquete de ataque nos dois lados. “Como não consigo virar a raquete, porque ela fica presa na minha mão, os dois lados são iguais. Optei pela borracha lisa porque proporciona maior velocidade à bola. Hoje, uso a raquete com borracha média (70% de velocidade)”, explica. Tipos de borracha: Lado liso: ataque — oferece maior explosão e velocidade à bola. Lado com pino: defesa — amortece a bola e a devolve com pouca velocidade e força. Garantidos no MundialCadu Gomes/CB/D.A Press - 22/10/09Ronaldo de SouzaRonaldo de Souza (DF)- classe 2 Welder Knaf (PR)- classe 3 Esequiel Babes (PR)- classe 4 Claudiomiro Segato (PR)- classe 5 Carlo Michell (MG)- classe 6 Jane Karla (GO)- classe 8 Armas de cada umRei do balão Iranlido é conhecido e reconhecido no mundo do Tênis de mesa como o “rei do balão”. O apelido foi dado por conta da habilidade do jogador em bater na bola de um jeito que ela vai e volta sozinha. “Aprendi sofrendo durante uma partida contra um europeu. O cara era muito bom e decidi que tinha que aprender a fazer aquela jogada. Estudei todos os movimentos e treinei bastante até conseguir”, conta o para-atleta. Saiba maisUm jogador do DF garantido Vencedor do Parapan-Americano deste ano, na Venezuela, Ronaldo de Souza já tem participação certa no Mundial. O 11ª melhor atleta do mundo, também classe 2, é companheiro de Iranildo nos treinos e mesmo jogando há pouco mais de um ano e meio, tornou-se o principal adversário do goiano. “No Brasileiro, realizado em Florianópolis, os dois se enfrentaram e Iranildo venceu Ronaldo na final. Os dois estão no mesmo nível”, avalia o técnico da dupla, José Ricardo Rizzone. ServiçoCom atividades gratuitas, o Cetefe oferece 12 modalidades para portadores de necessidades especiais. Em algumas delas, o material é cedido para iniciantes. Modalidades: Tênis de quadra; Tênis de mesa; badminton; Natação; Bocha; Atletismo; Tiro com arco; futebol com cinco jogadores; futebol com sete jogadores; vôlei sentado; futebol para amputados e golbol. Local: SAIS, Área 2A, Edifício Enap, Ginásio, Sala G-04 – Asa Sul. Mais informações pelo telefone: 2020-3168.
Ananda RopeTodos os dias, de segunda a sexta-feira, Iranildo Espíndola encara 80km para ir e voltar de sua casa, no Novo Gama, até o Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe), no Setor Policial Sul. A rotina poderia ser desgastante, mas o goiano — radicado no Distrito Federal — a encara com determinação. Com meta de ganhar sua primeira medalha paraolímpica em 2012, em Londres, o jogador de Tênis de mesa se prepara para aumentar a carga de treinos em 2010. “Ganhar uma medalha paraolímpica é um sonho que não é impossível, mas sei que é difícil. Meu objetivo no ano que vem é participar do Mundial na Coreia do Sul, em outubro. Até lá, quero disputar todas as competições internacionais que puder para conquistar mais pontos”, conta, o 13º melhor atleta do mundo na modalidade. Além dos treinos de duas horas e meia, Iranildo sempre estende a atividade em mais uma hora e meia para desafiar alguns colegas em partidas muito disputadas. Os planos para 2010 são de dobrar o número de horas dedicadas ao esporte. “Quero treinar seis horas por dia, sendo três horas voltadas à parte técnica pela manhã e três horas de prática à tarde. Fora isso, quero participar de Torneios internacionais para conhecer meus possíveis adversários no Mundial e criar um treino específico para cada um deles”, revela o jogador da classe 2(1). Iranildo tinha o sonho de um dia fazer parte da Seleção Brasileira de futebol, mas um acidente (leia matéria ao lado) em 1995 mudou a sua história. Paraplégico, Iranildo conseguiu recuperar parte dos movimentos dos braços e das mãos e encontrou na raquete a chance de resgatar seu desejo de representar o Brasil no esporte. “Não pude realizar meu sonho nos campos, mas hoje integro a Seleção Brasileira de Tênis de mesa”, afirma, orgulhoso. Inspiração O novo ritmo de treinamento está programado para ter início na primeira quinzena de janeiro. “A rotina não é fácil e os desafios são diários. Hoje, olho para minha vida como atleta e busco motivação para continuar competindo. Me recordo de tudo o que já conquistei e vejo os atletas que se inspiraram em mim para começar”, desabafa Iranildo. Apenas 12 para-atletas representarão o Brasil no Mundial da Coreia do Sul. Seis já estão classificados e as outras vagas estão reservadas para os jogadores que conseguirem melhor pontuação no ranking internacional. Iranildo, que já participou de quatro Torneios mundiais ( (2001 – por equipes, na Holanda; 2002, em Taiwan; 2003 no Mundial pela Paz, no Rio de Janeiro; 2006, na Suíça), conhece bem o que irá encarar, caso carimbe seu passaporte. Segundo o jogador, o nível técnico no Mundial é maior que nas paraolimpíadas: “Apesar de não ter o mesmo glamour, é bem mais difícil de vencer”, resume o atleta. 1- Limitações distintas Os atletas são divididos em 11 classes distintas. Mais uma vez, segue a lógica de que quanto maior o número da classe, menor é o comprometimento físico-motor do praticante. A classificação é realizada a partir da mensuração do alcance de movimentos de cada atleta, sua força muscular, restrições locomotoras, equilíbrio na cadeira de rodas e a habilidade de segurar a raquete. Na classe 2, há redução na atividade do braço com que se pega a raquete, afetando a ação de agarrar e a função da mão (músculo do pulso). QUEM É ELE Nome: Iranildo Conceição Espíndola Nascimento: 24/1/1970, em Goiânia Peso: 78kg Categoria: classe 2 Títulos: enacampeão Brasileiro individual (2000 a 2009); pentacampeão Sul-Americano individual (2001, 2002, 2004 e 2006); tricampeão Pan-Americano (2003, 2005 e 2007) no individual e tricampeão em dupla, sem contar bronzes e pratas O númeroR$ 12 milCustos (hospedagem, alimentação, etc.) para a participação de um para-atleta em um Mundial DepoimentoUm mergulho no mar mudou a minha vidaSofri um acidente em 20 de março de 1995, na Praia de Vila Velha (ES). Eu era jogador de futebol profissional e tinha viajado para participar de uma seletiva do Linhares. Fui com uns amigos à praia para jogar futevôlei e no meio da partida caí e me sujei com a areia. Fui dar um mergulho no mar para me refrescar e limpar meu corpo. Fui furar uma onda e quando mergulhei bati a cabeça com tudo em um banco de areia. Para mim, eu gritava e balançava os braços, mas na verdade estava imobilizado. Por sorte, um amigo viu que eu tinha ido mergulhar e não voltei. Ele entrou na água e me encontrou sem conseguir me mexer e falar. Fui socorrido e no mesmo dia voltei para Brasília. Lesionei a vértebra C5 e C6, o que me deixou tetraplégico. O médico disse que por pouco eu não lesionei a C3, o que provavelmente teria me matado. Fiquei três meses e 18 dias internado no Hospital de Base e depois fui transferido para o Sarah Kubitschek, onde permaneci por quatro meses internado. Lá, fiz um tratamento de três meses, depois do qual eu podia voltar para casa. Levei dois anos para recuperar os movimentos dos braços, mas perdi a força nas mãos e alguns movimentos. Os médicos nunca falam que um dia você voltará a andar ou que isso é impossível. Quando eu percebi que não tinha como me recuperar em 100%, comecei a aceitar essa situação. Tentei voltar a trabalhar, estudei, fiz concurso, mas as portas sempre estiveram fechadas. Conheci o Tênis de mesa no Sarah Kubitschek. No começo, foi barra. Não encontrava um técnico com experiência e que tivesse suporte para me ajudar. Mesmo assim, resolvi competir pela primeira vez em 1999, no Regional Centro-Oeste, em Goiânia. Tive a surpresa de ganhar com facilidade. Pensei: acho que levo jeito para isso. Mas ainda não tinha certeza. A ficha caiu mesmo quando participei do meu primeiro Brasileiro e venci. Ganhei de atletas que tinham experiência de 10 anos. Aqui no Brasil eu não sei o que é perder. Sempre venci todas as competições que participei. Saiba maisRaquete Após participar das paraolimpíadas de Atenas (2004), Iranildo passou a jogar com a raquete de ataque nos dois lados. “Como não consigo virar a raquete, porque ela fica presa na minha mão, os dois lados são iguais. Optei pela borracha lisa porque proporciona maior velocidade à bola. Hoje, uso a raquete com borracha média (70% de velocidade)”, explica. Tipos de borracha: Lado liso: ataque — oferece maior explosão e velocidade à bola. Lado com pino: defesa — amortece a bola e a devolve com pouca velocidade e força. Garantidos no MundialCadu Gomes/CB/D.A Press - 22/10/09Ronaldo de SouzaRonaldo de Souza (DF)- classe 2 Welder Knaf (PR)- classe 3 Esequiel Babes (PR)- classe 4 Claudiomiro Segato (PR)- classe 5 Carlo Michell (MG)- classe 6 Jane Karla (GO)- classe 8 Armas de cada umRei do balão Iranlido é conhecido e reconhecido no mundo do Tênis de mesa como o “rei do balão”. O apelido foi dado por conta da habilidade do jogador em bater na bola de um jeito que ela vai e volta sozinha. “Aprendi sofrendo durante uma partida contra um europeu. O cara era muito bom e decidi que tinha que aprender a fazer aquela jogada. Estudei todos os movimentos e treinei bastante até conseguir”, conta o para-atleta. Saiba maisUm jogador do DF garantido Vencedor do Parapan-Americano deste ano, na Venezuela, Ronaldo de Souza já tem participação certa no Mundial. O 11ª melhor atleta do mundo, também classe 2, é companheiro de Iranildo nos treinos e mesmo jogando há pouco mais de um ano e meio, tornou-se o principal adversário do goiano. “No Brasileiro, realizado em Florianópolis, os dois se enfrentaram e Iranildo venceu Ronaldo na final. Os dois estão no mesmo nível”, avalia o técnico da dupla, José Ricardo Rizzone. ServiçoCom atividades gratuitas, o Cetefe oferece 12 modalidades para portadores de necessidades especiais. Em algumas delas, o material é cedido para iniciantes. Modalidades: Tênis de quadra; Tênis de mesa; badminton; Natação; Bocha; Atletismo; Tiro com arco; futebol com cinco jogadores; futebol com sete jogadores; vôlei sentado; futebol para amputados e golbol. Local: SAIS, Área 2A, Edifício Enap, Ginásio, Sala G-04 – Asa Sul. Mais informações pelo telefone: 2020-3168.
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