CORREIO BRAZILIENSE (DF) • ESPORTES • 19/1/2010 - Ananda Rope
Somente para as melhores
Natalia Mayara vai se tornar a primeira brasileira a participar do Masters Cup Juvenil, torneio que reúne apenas as quatro principais tenistas em cadeira de rodas do mundo. Competição começa em 28 de janeiro, na França
Aos 15 anos, Natalia Mayara vai se tornar a primeira brasileira a participar do Masters Cup Juvenil. A pernambucana radicada em Brasília, quarta melhor tenista em cadeira de rodas do mundo, de acordo com o ranking da International Tennis Federation (ITF), embarca no próximo sábado para a França. “É tudo novo para mim. Comecei a jogar Tênis há dois anos e meio e já venci competições importantes. Ser a primeira brasileira a participar do Masters Cup é uma grande responsabilidade, mas estou pronta para o desafio”, garante. A Competição, que começa em 28 de janeiro, é restrita às quatro melhores tenistas do ranking ITF, que competirão entre si. “Será feita uma chave para todas jogarem contra todas. Das tenistas que participarão, só conheço a Mackenzie Soldan (EUA), que me venceu no Mundial da Inglaterra no ano passado” conta. “Para o jogo contra ela, tenho estudado uma estratégia, porém, contra as outras eu não tenho ideia de como será. Já vi alguns vídeos delas jogando, mas só.” As outras adversárias de Natalia são a inglesa Jordanne Whiley e a japonesa Yui Kamiji, as melhores do mundo. Para enfrentá-las, a candanga tem treinado três horas diariamente. Ela, que já tem o saque e a batida fortes, quer aprimorar a habilidade de troca de bola para dar trabalho às outras jogadoras. “O Tênis é um jogo de quem erra menos. Ainda tenho um pouco de dificuldade em manter a troca de bola, mas tenho me esforçado para superá-la.” Com seu treinador, Wanderson Cavalcanti, em férias, Natalia conta com a companhia e o apoio dos colegas de quadra e líderes do ranking nacional de Tênis em cadeira de rodas: Rejane Candida, Carlos Alberto dos Santos e Rômulo Soares. “A Natalia é o futuro do Tênis feminino no Brasil. Não basta ter técnica, tem que ter cabeça, maturidade. Por isso, sempre puxamos a orelha dela e fazemos o possível para vê-la evoluir. É a nossa mascote”, brinca Rômulo. “Ela tem potencial para brilhar no esporte, que ainda conta com poucas mulheres. Já vi muitas começarem e desistirem. Nosso esforço é voltado também para que Natalia não desanime”, emenda Rejane. ACIDENTE EM RECIFE Em 26 de setembro de 1996, Natalia, então com 3 anos de idade, estava com a mãe em uma das paradas de ônibus da Avenida Agamenon Magalhães, em Recife, quando um ônibus subiu na calçada e atropelou a menina. O acidente foi tão grave que ela sofreu edema cerebral, diversas escoriações e teve as pernas amputadas. Internada por 95 dias, a menina foi operada 12 vezes. Aos 8 anos, Natalia veio a Brasília para tratamento na Rede Sara Kubitschek com a família e aqui ficou. Conheceu o esporte para portadores de necessidades especiais aos 12 anos, com a Natação. Depois, migrou para o Tênis. E não parou mais. CATEGORIAS DA MODALIDADE » Quad: comprometimento funcional em três ou mais extremidades. » Open: comprometimento dos membros inferiores. "Ser a primeira brasileira a participar do Masters Cup é uma grande responsabilidade, mas estou pronta para o desafio"
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